Prossigo em meus passos sem cessar, sem olhar para trás
Meu coração anseia pelo Rei, em Sua habitação chegar
Mas por vezes, sinto-me como se estivesse de cabeça baixa
E impedido por mim mesmo de ver a beleza das paisagens
Sei que por entre o jardim de Emanuel estou percorrendo diariamente
Caminho por entre as frutíferas árvores, mas não apanho os seus doces frutos
Passo por entre as fontes das águas cristalinas,
E não refresco meu rosto, tampouco meus secos lábios
A preocupação da caminhada cega meus olhos para as belezas das montanhas
A ansiedade do coração me impede de colher as flores do campo
Já não mais brinco com o som da harpa à sombra da videira
Nem mesmo canto as melodias inspiradas ao sentir o frescor da manhã
Durante a escuridão da noite olhava o brilho das estrelas, não mais
Encantava-me ao ver a lua beijar a face das águas, não mais
Fechava os olhos sentido o vento em minha pele tocar, não mais
E por fim, aproveitava o silêncio para ecoar minhas palavras ao Senhor do jardim
Meus sentidos andam abatidos, não por não terem com que se alegrarem
Mas me parece, que é por eles ignorarem o chamativo ao deleite pelo Rei
Até quando eu continuarei a trilhar um lugar alegre com a tristeza em meu rosto?
Até quando eu continuarei a percorrer um lugar de liberdade, delícias e deleites com o coração aprisionado em mim mesmo?
Resta-me a esquecer das coisas que para trás ficaram e fitar meus olhos no alvo
Resta-me arrepender por não desfrutar do deleite que o Rei preparou para os seus viajantes
Resta-me agora sentir, alegrar, desfrutar, correr e cantar para o deleite próprio e...
... para exaltar o amor do Criador do jardim
O sol se apressa para se pôr pela última vez, e eu decidi aproveitar cada segundo no jardim com o Rei.
Eduardo Carolino