Era bela, mais bela do que jamais vira antes.
O que ele faria?
Não poderia deixar ela ali sozinha.
Fitou-a por um instante.
Pensou:
“Eu com minhas mãos de brutamontes,
Se tocá-la irei matá-la.”
Se tomasse-a para si,
O jardineiro poderia ver.
Infelizmente ele não sabia correr.
Daquele jardineiro não dava pra correr.
Mas o que faço?
Olho, cheiro, assopro, tiro uma foto?
Sonho com ela pelo resto de minha vida?
Ou a roupo e ponho em risco a minha vida?
Desesperado ele entrou em parafuso,
E em toda aquela aflição seus passos já faziam estrondo,
Alguém tocou seu ombro,
Era o jardineiro a sorrir.
(digo sorrir porque sou o narrador)
Mas ele nem se quer ousou,
Olhar para o rosto daquele Senhor.
Se prostou e gritou:
“Não queria roubá-la meu bom Jardineiro!
Só passava por aqui e...”
“Tudo bem meu guri”
Interrompeu o Jardineiro.
“Só que se você arrancá-la daí, eu te arrancarei primeiro”
“Cuide dela, não lhe furtes o que não lhe é de direito!”
Assim prosseguiu o Jardineiro.
Essa flor enfeitaria algum vaso de um castelo;
Essa flor repousaria sobre a guirlanda de uma princesa;
Essa flor seria posta sobre a mesa se ele a deixasse ai.
Por isso cuida dela, e a vê sorrir.
Vive a cada dia sabendo
Que é a escolha é do Jardineiro, destiná-la ou não para aquele guri.