Há algo em minha pele,
Uma mancha, um grude, uma laca.
Uma doença nojenta me atacou esta noite,
Ela se impregnou em meu corpo, infelizmente não sai.
Na altura do peito ela está,
Onde a escondo por de baixo de uma túnica.
Quem desconfiará?
Apesar dela me matar,
Quieta está,
Só me corroe por dentro.
Como lepra me consome,
Enquanto uma voz grita:
“Impuro, Impuro!”
E é assim que me sinto...
Impuro, impuro, homens de lábios duros porém com lábia solta. Um doce amargo ponho na boca e sinto uma ardencia na lingua, a mesma laca que tenho expelido então ingiro, são minhas feridas tomando espaço no coração, no pulmão, no baço. Então preparo um laço, será essa a cura da lepra? Será a morte a dose certa? Será o fim das dores a minha meta?
Covarde, covarde, homem sem valor. “É porque não sentes minha dor” replico. Fujo do papel, fujo da caneta, fujo da gorjeta, fujo da valeta, mas que bom que não moro na rua. Antes me igualar a um leproso do que a uma prostituta que vende o corpo e a alma. Alma minha que, por sinal branca, serve de lembrança do tempo que as feridas não as manchavam. Cada dia inventam de abrir, e mancham minha vida de vermelho e verniz. Então fujo da visão do homem e da mulher, do servo e do senhor, do acusador e do Senhor.
O que será de mim? Há compaixão por uma alma assim, tão perdida? há uma cura para a Ferida, para a covardia. Maldita anomalia que sofro. Procuro com esforço uma gota d’água para alimentar meu dia.
O Homem pintado de vermelho derrama fontes de águas vivas.
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